ELIZA: o primeiro chatbot

“Um dos pioneiros na computação, Alan Turing, propôs um bom teste de inteligência artificial: se a máquina puder conversar com o ser humano sem que ele perceba que está dialogando com uma máquina, esta será ‘inteligente’.”

Este primeiro parágrafo do artigo Psiquiatra Eletrônico resume o Teste de Turing — proposto pelo matemático e cientista da computação Alan M. Turing (1912-1954). Na época da edição dos fascículos do Microcomputador Curso Prático (década de 80) era bastante usual a divulgação de listagens de programas em BASIC em livros e revistas para digitação. E o artigo em questão apresentava, também, um programinha bastante curto (com menos de 70 linhas de código) que tinha um pequeno repertório de respostas abertas — “sim…”, “conte mais…”, “continue…” — e analisava a presença de algumas palavras-chave. E, assim, simular o comportamento de um terapeuta não direcional.

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Moxabustão “Educativa”

Desde criança eu já ouvia histórias na família de um uso muito particular da moxabustão direta, supostamente para acalmar crises de birra infantis (e também com finalidades educativas). Minha bisavó utilizava somente pontos localizados na mão do Meridiano Daichō/Dachang — normalmente o IG4 [Gōkoku/Hegu] ou, mais ocasionalmente, o IG2 [Jikan/Erjian] ou o IG3 [Sankan/Sanjian]. Nenhum outro ponto deste ou de outros Meridianos nos membros superiores serviam para esta “receita caseira”.

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Tipologia

… Craniometry, phrenology, physiognomy, and comparative anatomy all shared long-standing beliefs that the outer body was a window into a host of moral, temperamental, racial or gender characteristics. (…) In many respects, however, in tying together physique and character (and encouraging certain physiques to be equated with superior mental and spiritual qualities), these anthropometric techniques had the reverse effect by substantiating a priori beliefs about class, race, and gender and highlighting the growing ambiguity inherent in the term normal.

(VERTINSKY, 2007.)

A tipologia já foi um assunto mais popular. Já nos Capítulos 72 (“Os Diferentes Tipos de Homem” [Tong Tian]) e 64 (“Os Vinte e Cinco Tipos de Pessoas Dentro das Diversas Características do Yin e do Yang” [Yin Yang Er Shi Wu Ren]) do Líng Shū há menção a características físicas e psíquicas e de como elas afetam tendências de adoecimento e definem tratamentos melhor recomendados.

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“Neurastenia”, ou shénjīng shuāiruò [神經衰弱]

Em 1869 o neurologista americano George Miller Beard (1839 – 1883) popularizou o termo neurastenia como um estado decorrente do esforço excessivo sobre o sistema nervoso, com sintomas físicos e psíquicos variados. O termo encontra-se ainda presente na CID‑10 de 1989 da OMS sob o código F48.0, apesar de já estar em desuso na prática médica atual no Ocidente.

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Mais Déjà Vu: Pesquisas Sobre o Uso Medicinal dos Alucinógenos

“As cores pareciam mais intensas e brilhantes. Senti uma nova consciência da beleza física do mundo, particularmente das harmonias visuais, cores, jogos e luzes e primor dos detalhes. E quando fechei os olhos apareceu uma multidão de figuras, de formas abstratas, cenas dramáticas de homens e animais em terras exóticas e épocas antigas. Apareceram então linhas ondulantes, grades, mosaicos, tapetes de flores, moinhos de vento, paisagens, ‘arabescos espiralando-se na eternidade’, a face de Buda, a face de Cristo, os lugares das moradas míticas dos deuses, a imensa escuridão do espaço.”

(Uma descrição da experiência subjetiva pós-ingestão de LSD.)

Uma leitura de velhos compêndios médicos podem proporcionar surpresas. O uso tão badalado atualmente de alucinógenos para tratamento de transtornos psiquiátricos, por exemplo, nada tem de novo, com períodos de maior e de menor interesse do século XIX para cá.

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