Summing up, we have here before us a peculiar disease process…
Such observations suggest that we should not feel satisfied, in face of an unclear clinical case, and spend all efforts to accomodate it in one of the well-known disease groups. There are, doubtless, much more psychic ailments than those presented in our textbooks. Regarding some of such cases, a later histological examination will permit to determine the singularity of a given case. (…)
Then, we progressively will also reach a situation that will allow to separate single diseases clinically, amid the great disease groups of our textbooks, permitting a sharper medical definition”.
(ENGELHARDT, Eliasz, apud ALZHEIMER, Alois)
Aloysius “Alois” Alzheimer (1864-1915) foi um psiquiatra e patologista alemão que descreveu dois casos (Auguste D. em 1906 e Johann F. em 1911) de “demência pré-senil”.
Ele apresentou num encontro em Tübigen em 1906 a descrição de caso de Auguste D. com o título de “Sobre uma Doença Peculiar do Córtex Cerebral” [Über eine eigenartige Erkrankung der Hirnrinde], publicando-a no ano seguinte na Allgemeine Zeitschrift für Psychiatrie und psychisch-Gerichtliche Medizin.
Parece simples. E é — quando a pessoa certa faz as perguntas certas no momento certo e consegue interpretar devidamente as respostas. A Alemanha já no final do século XIX havia se tornado um dos centros científicos mais importantes, e havia muita pesquisa de ponta na área neurológica; com o interesse do prof. dr. Alois Alzheimer em elucidar um caso (que esteve sob seus cuidados em 1901) atípico, ele procurou manter-se informado da evolução até a morte da paciente, ocorrida em 1906, e pôde receber os registros médicos e o cérebro da paciente.
Em 1903 o neurologista e patologista Max Bielschowsky (1869–1940) havia aperfeiçoado o método de coloração por prata de Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) e Camillo Golgi (1843-1926); assim, em 1906, o laboratório do prof. dr. Alois Alzheimer — com a colaboração do neurologista e psiquiatra Francesco Bonfiglio (1893-1966) e de Gaetano Perusini (1879-1915) — utilizou o método de Bielschowsky para análise histo-patológica do cérebro de Auguste D. e descobriu a presença de emaranhados neurofibrilares (além das placas senis já descritas na “demência senil” por Oskar Fischer [1876-1942]).
Logo adotou-se o epônimo doença de Alzheimer, e Emil Kraepelin (1856–1926) incluiria este diagnóstico na oitava edição de seu Compêndio de Psiquiatria (1910).
Bibliografia:
Berchtold, N.C.; Cotman, C.W. Evolution in the conceptualization of dementia and Alzheimer’s disease: Greco-Roman period to the 1960s. Neurobiol Aging 1998;19(3):173–89.
Engelhardt, Eliasz; Gomes, Marleide da Mota. Alzheimer’s 100th anniversary of death and his contribution to a better understanding of senile dementia. Arq Neuropsiq 2015;73(2):159-62.