Cerebral Autosomal Dominant Arteriopathy with Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy (CADASIL)

CADASIL (ou Arteriopatia Cerebral Autossômica Dominante com Infartos Subcorticais e Leucoencefalopatia) é uma doença cerebrovascular causada por mutações no gene Notch3, localizado no cromossomo 19 (locus 19p13.1-13.2). Apesar de se tratar de uma doença sistêmica, os comprometimentos principais são os decorrentes de lesões isquêmicas cerebrais de repetição. As mutações no gene causam acúmulo da proteína Notch3 anormal na membrana citoplasmática dos músculos lisos das arteríolas cerebrais localizadas na substância branca, com degeneração progressiva destas. Pelo fato de ser uma doença genética autossômica dominante, há uma probabilidade de pelo menos 50% de transmissão do gene defeituoso para os descendentes de pacientes afetados(as).

Os sinais clínicos iniciam-se geralmente por volta dos 35-55 anos de idade, com as seguintes manifestações clínicas:

  • migrânea com aura
  • AITs ou AVEIs de repetição (que ocorrem muitas vezes sem os fatores normalmente associados ao aumento de risco cardiovascular)

Outras manifestações comuns com a evolução da doença são:

  • crises convulsivas
  • problemas visuais
  • mudanças comportamentais e de humor
  • demência subcortical com paralisia pseudobulbar
  • incontinência urinária

Mesmo antes das manifestações clínicas, a ressonância magnética de encéfalo pode mostrar lesões múltiplas, de tamanhos variados e confluentes na substância branca com hipossinal em T1 e hiperssinal em T2 (predominantemente nas regiões periventriculares e dos núcleos da base, sendo características as lesões na ponte e na região dos polos temporais).

A confirmação diagnóstica pode ser feita tanto pelo teste genético específico (ainda de uso pouco disseminado, devido ao custo elevado) ou por exame de microscopia eletrônica de biópsia de pele com achado de depósitos osmiofílicos nas paredes das arteríolas.

Não existem, ainda, tratamentos específicos para a doença, sendo recomendados:

  • o uso de antiagregantes plaquetários (ácido acetilsalicílico ou clopidogrel, entre outros),
  • o controle estrito dos fatores de risco cardiovasculares (caso estejam presentes) e
  • o uso de ácido fólico para controle dos níveis de homocisteína.

Pode haver benefício sobre os sintomas cognitivos com o uso de anticolinesterásicos (donepezil, rivastigmina, galantamina). Deve se evitar o uso de contraste iodado ou de triptanos (devido à reatividade vascular aumentada) e de anticoagulantes orais ou de trombolíticos (devido ao risco aumentado de hemorragias).


Bibliografia:

Daroff, Robert B. et al (eds.) Bradley’s Neurology in Clinical Practice. Elsevier, 2008.

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