A cefaleia do tipo tensional é uma das cefaleias ditas primárias — ou seja, na qual não há causas identificáveis, tais como lesões ou traumatismos — e bastante comum, com prevalências populacionais nos diferentes estudos variando entre 30 e 78%. Pela amplitude da variação percebe-se a dificuldade de conceituação precisa da cefaleia tensional, frequentemente caracterizada em contraposição à migrânea. E ser uma cefaleia designada como “não-migrânea” causa, inevitavelmente, uma heterogeneidade de características (além de provável heterogeneidade também de causas e de respostas aos tratamentos).
Conforme a ICHD-3 de 2018, a definição operacional das crises de cefaleia tensional é a que segue:
- Duração entre 30 minutos a 7 dias
- Duas ou mais das seguintes características:
- Presença destas duas características:
- Localização bilateral da dor
- Dor em pressão ou aperto
- Intensidade leve ou moderada
- Ausência de piora à atividade física rotineira
- Ausência de náusea ou vômito
- Sensibilidade a luz e a ruídos não devem estar presentes ao mesmo tempo
Conforme a frequência das crises de cefaleia tensional elas podem ser:
- Infrequentes: até 1 dia por mês
- Frequentes: entre 1 e 14 dias por mês
- Crônicas: mais que 15 dias por mês
E cada uma dessas formas de cefaleia tensional pode ou não apresentar dolorimento de músculos pericranianos (frontal, temporal, masseter, pterigóideo, esternocleidomastóideo, esplênio e/ou trapézio).
Percebe-se claramente a contraposição dos conceitos ao se comparar a definição operacional citada acima com a das migrâneas [vide post Migrânea (ou Enxaqueca) de 06/07/2020). É importante saber, entretanto, que é comum haver consideráveis superposições de diferentes formas de cefaleia num(a) mesmo(a) paciente, muitas vezes com diagnósticos de vários tipos diferentes de cefaleia que requerem reconhecimento e tratamentos em separado.
Geralmente a procura por tratamento especializado dá-se na fase de cefaleia crônica, frequentemente associada a cefaleias por uso excessivo de medicaçŏes (analgésicos, antiinflamatórios ou triptanos). Nesta fase torna-se necessário o uso de medicações profiláticas (principalmente antidepressivos) e a eliminação do uso excessivo de medicações sintomáticas para que os tratamentos possam ser eficazes.
Bibliografia:
Borkum, Jonathan M. Chronic Headaches: Biology, Psychology and Behavioral Treatment. Psychology Press, 2007.
Brust, John C.M. (ed.) Current Diagnosis & Treatment in Neurology. McGraw-Hill, 2012.
ICHD-3 – The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition. Acessado em dezembro de 2020.