A Terapia dos Meridianos (Keiraku Chiryō [経絡治療]) é uma modalidade de diagnóstico e tratamento dentro da Acupuntura Japonesa que apareceu entre as décadas de 30 e 40 do século passado a partir do grupo de estudos coordenado por Yanagiya Sorei [柳谷素霊] (1906-1959 EC), Okabe Sodō [岡部素道] (1907-1984 EC) e Inoue Keiri [井上恵理] (1903-1967 EC). O grupo se reunia regularmente para estudar e discutir os textos clássicos — principalmente o Princípios de [Medicina] Interna do Imperador [Amarelo] [Huáng Dì Nèi Jīng] e o Clássico das Dificuldades [Nán Jīng].

Este e outros grupos de praticantes dos métodos tradicionais constituíram uma reação ao processo de ocidentalização em voga desde a Era Meiji (1868–1912) e que se acentuou nos anos que se seguiram, em algumas ocasiões chegando a períodos de banimento da Acupuntura, da Moxabustão e da Fitoterapia.

Como diz o próprio nome, a ênfase principal se dá na identificação e na correção do Padrão (Shō [証]) primário (quase sempre de Deficiência) de desarmonia subjacente ao desequilíbrio do fluxo de Ki [気] pelos Meridianos.

A identificação utiliza-se de:

• palpação do pulso
  (Conforme a descrição do Clássico do Pulso [Mài Jīng])
• palpação do abdômen
• presença de sintomas específicos

Apesar de teoricamente existirem Padrões de Plenitude dos Meridianos Yīn (In [陰]), é importante lembrar que

The Kidney is an organ that easily becomes deficient, but it rarely receives pathogenic Qi directly It either gets the pathogenic Qi from its paired Yang (Bladder) meridian, or from its mother (Lung) meridian, or otherwise becomes excessive in reaction to deficiency of the Spleen. No matter how excessive the Kidney becomes, the duration is short, and it usually becomes deficient soon after that.

(HONMA, 1949 apud DENMEI, 2003.)

Outros Padrões compreendem os padrões de Deficiência/Frio e Deficiência/Calor, com algumas variações em relação aos Shō primários. As principais diferenças nas técnicas de Suplementação e de Dispersão compreendem:

Suplementação	Dispersão
Pressionar o ponto antes da inserção	– – –
Utilizar agulhas mais finas: #0 [0,14 mm de diâmetro #1 [0,16 mm de diâmetro]	Utilizar agulhas menos finas: #2 [0,18 mm de diâmetro] #3 [0,20 mm de diâmetro]
Inserção na expiração, retirada na inspiração	Inserção na inspiração, retirada na expiração
Inserção lenta e retirada rápida	Inserção rápida e retirada lenta
Inserção a favor do fluxo de Ki	Inserção oposta ao fluxo de Ki
Inserção superficial	Inserção menos superficial
Pressionar o ponto após a retirada	– – –

O Shō causa alterações no fluxo de Ki (e, eventualmente, também no fluxo de Chi [血]); quando isso acontece e o ponto se torna “ativo”, comumente a localização também muda um tanto — daí a importância da palpação.

Indurations are hardenings of muscle tissue that appear as tight nodules. They vary in size from that of a soy bean to the tip of the thumb, and come in many shapes. Indurations are mainly found along the course of meridians, and appear when there are imbalances in the meridians or when there is pathology in the internal organs.

(OKABE, 1940 apud DENMEI, 2003.)

Etapas de Tratamento

1 – Tratamento do Shō primário

Para corrigir o Shō primário utiliza-se o conhecimento dos Cinco Elementos [vide Cinco Elementos (ou Movimentos, Fases, etc.) de 30/06/2020 e Pontos de Acupuntura de 03/02/2020]. Agulhar por 10 min.

	Pontos para Suplementação
Baço-Pâncreas (Hi [脾])	Elemento Fogo: Pc7 Ponto Fonte / Ponto Terra do Meridiano: BP3 Outros: BP6
Pulmão (Hai [肺])	Elemento Terra: P9(*), BP3 Ponto Metal do Meridiano: P8
Rim (Jin [肾])	Elemento Metal: R7, P8 Ponto Fonte do Meridiano: R3 Ponto Água do Metal: P5 Ponto Água do Meridiano: R10
Fígado (Kan [肝])	Elemento Água: F8, R10 Ponto Fonte do Meridiano: F3

^(*) Também Ponto Fonte do Meridiano.

Alguns pontos, apesar de relacionados pela teoria, são raramente utilizados, seja por existirem pontos mais eficazes para tal (caso do BP2 vs. BP3) ou por causarem dor e subsequente Dispersão do Ki do Meridiano (caso do F1).

No caso do Shin [心], são raros os padrões a ele associados, tradicionalmente graves e incuráveis.

2 – Equilíbrio do Ciclo de Controle

Agulhar por 10 min, caso necessário.

	Pontos a Utilizar
Baço-Pâncreas (Hi [脾])	Elemento Madeira: F3 Elemento Água: R3
Pulmão (Hai [肺])	Elemento Madeira: F3
Rim (Jin [肾])	Elemento Terra: BP3
Fígado (Kan [肝])	Elemento Metal: P9 Elemento Terra: BP3

3 – Equilíbrio dos Meridianos Yánɡ (Yō [陽])

Caso persista desequilíbrio nos Meridianos Yō após as etapas iniciais, tratar inicialmente o Meridiano com maior grau de Deficiência e, depois, aquele com mais Plenitude. Agulhar Pontos Yuán [Gen] e/ou Luò [Raku] por 1-2 min (Suplementação) ou 20-30 s (Dispersão). Em caso de Deficiência global pode se fazer Suplementação bilateral de TA4 e E36.

	Lado a tratar inicialmente	Pontos a utilizar
Estômago (I [胃])	Direito	E36, E40, E42(*) Dispersão: E40
Intestino Grosso (Daichō [大肠])	Direito	IG4, IG11, IG6 Dispersão: IG6
Bexiga (Boko [膀胱])	Esquerdo	B58, B59, B60, B64(*), B58 Dispersão: B58
Vesícula Biliar (Tan [胆])	Esquerdo	VB31, VB37, VB38, VB40(*) Dispersão: VB37
Intestino Delgado (Shochō [小肠])	Esquerdo	ID3, ID4, ID7 Dispersão: ID7
Triplo Aquecedor (Sanshō [三焦])	Direito	TA3, TA4, TA5 Dispersão: TA5

^(*) Pontos menos comumente utilizados para essa finalidade.

4 – Uso dos pontos Shū [Yu] dorsais apropriados

A escolha baseia-se no Shō primário e, caso apropriado, também pelos Meridianos relacionados ao Ciclo de Controle. Agulhar por 2-10 min ou utilizar 3 a 7 cones de Moxabustão direta (okyū [お灸]).

	Pontos a Utilizar
Baço-Pâncreas (Hi [脾])	B20 (B23, B18)
Pulmão (Hai [肺])	B13 (B18)
Rim (Jin [肾])	B23 (B20)
Fígado (Kan [肝])	B18 (B20, B13)

Bibliografia:

Shudō, Denmei. Japanese Classical Acupuncture: Introduction To Meridian Therapy. Eastland Press, 1990.